AÇOITES DE VENTO
Teus olhos baixaram ao chão
Quando os meus te fitaram inflamados
De um ardor negado a meu coração
Agora grávido de sonhos ameaçados
Por erguer castelos de ilusão
Talvez, por terra deitados
·
Dei-te uma rosa que murchou depressa
Dei-te um sorriso que ficou sem par
Teus labios fugiram do beijo que não dei
Meu amor já não te interessa
Meu peito dorido ficou sem ar
Perdi o que nunca ganhei
A lua deixou de iluminar meus passos de noite
E até o vento, também castigador
Abusando da minha dor
Me deu um açoite
Tudo em mim desmoronou, ruiu
Passei a ver dor onde via prazer
As gaivotas deixaram de vir ao rio
Até o sol deixou de me aquecer
Vivi o que minha amada não sentiu
Amei uma mulher que sem chegar, partiu
Quando a noite cai no amor
Não se chega a ver a cor
Do verde encanto de amar
O sol dá lugar a negras noites
Que renovam e dobram os açoites
Que o amor não sabe dar
SOUSA PINTO