PAGOU CARO POR CONFUNDIR AMOR COM OUTRAS COISAS
- Podias ser uma flor garrida
mas os teus olhos viraram carvões apagados
e o tempo derrotou os teus sonhos,
cada dia irrompe triunfante mas tú estás caída - foi tudo o que consegui dizer a joana, enquanto lhe enxugava as lágrimas com as pontas dos dedos.
A nossa vida é o resultado de uma sucessão de escolhas mais ou menos inspiradas, mais ou menos afortunadas e outras nem tanto mas sempre nossas e, por vezes, pagamos um preço muito alto por algumas dessas escolhas. O que quase sempre nos consola é saber que o fizemos em puro acto de consciência, sem termos sido forçados a nada, sendo isso a única coisa que ainda nos vai dando alguma paz interior. Mas apesar disso fica sempre o tormento de não se saber conviver com os SEs: sim, se eu tivesse ido por ali ou por acolá as coisas decerto teriam sido diferentes, numa dúvida incessante que nos consome, esquecendo-nos que seja qual for o caminho que escolhamos ele terá sempre gravado um SIM, um NÃO e um TALVEZ.
Num determinado momento da sua vida Joana apaixonou-se por um homem que fazia a cobiça das suas amigas.
- Ele é lindo de morrer! - confessava Joana a uma das suas amigas, num periodo alto da sua paixão.
Mas logo que a dita quimica se esfumou e a paixão perdeu relevo na relação, apercebeu-se que não admirava nada nele e que tinham muito pouco a ver um com o outro. Depois, a falta de afinidades e cumplicidades, as ciumeiras do homem e o alcoolismo a que gradualmente se devotou acabaram de fazer da vida de Joana um inferno, onde se destacavam já alguns episódios de violência doméstica.
Joana pagou caro por ter confundido AMOR com expectativa, fantasia excessiva, cega às limitações e às incompatibilidades, dando hoje muito mais valor ao conhecido adágio popular: NEM TUDO O QUE BRILHA É OIRO.
SOUSA PINTO
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