quarta-feira, 31 de agosto de 2011

POESIA ROMÂNTICA

              
                     MEU AMOR POR TI NÃO TEM CURA


Estavas vestida de negro
E vi nos teus olhos que a alma negra estava
Parecias ter ficado de luto
Não havia morto nem caixão
E muito menos, funeral
Mas estavam lá sinais de perda e... de perda capital
Dos que estreitam o coração
Mesmo que não nos queiram mal
Era um angustiante velório a um sentimento traído
Morto por deixar de ser correspondido
Que tomava conta de ti por igual.

Restou-te um olhar duro e ferido
Gasto, magoado, abatido
E uma vontade doída por doer
Reclamando de ti o celibato para não sofrer

Mas se não há morto nem caixão
E muito menos, funeral
Avessa que és a tamanha lassidão
Por que choras afinal?
Solta a menina que tens lá dentro
A desafiar o tempo que há-de vir
Sobe para cima da tua nuvenzinha
Sonha, fantasia, apronta-te para rir
Olha em redor... tú és o centro
O centro de tudo o que vais descobrir sózinha.

Ergue-te, respira, dá fios à esperança
Descobrirás tanta coisa...
Que a vida é para viver num passo de dança
Na embriaguez das emoções
Entre o pudor e o erotismo, a fantasia e o recato
No desatino das paixões
Num turbilhão de sensações em desacato
Que fazem de ti mulher crescida
E a tudo querer chegar sem tardança
Ainda ao ritmo de um passo de dança
Aturdida... mesmo pouco convencida
Mas consciente de que com cinco palmos no tamanho
Já o amor não te era estranho
E a ele tens de voltar
Porque o amor... é sempre para estrear


E já que não há morto nem caixão
E muito menos, funeral
Abre à vida o coração
Por que esperas, afinal?

Vem!... Chega aqui ao pé de mim
Quero enxugar teus olhos com ternura
Lavá-los com água de jasmim
Para que de mim devotos fiquem assim
Ai quem me dera tocar teu coração
Meu amor por ti não tem cura
É muito mais que amor, é paixão
É vento que de tão forte me açoita
Que me preenche de dia e em mim pernoita
É declarada loucura
Brasa que atiça com o vento da sedução
Doença que por esperar teu sim perdura
Meu amor por ti não tem cura.

Sem ser mago, de amor te darei magia
A que no silêncio do olhar se refugia
Hei-de fazer teu peito bater por mim
Semear nele um fogo ardente
Que te invada os lábios e arrepie o ventre
Hei-de fazer teu peito bater por mim
Já que não há morto nem caixão
E muito menos, funeral.

          SOUSA PINTO

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